Café: Novamente mercado de clima fazendo preço

Por Marcelo Fraga Moreira

O dez-25 encerrou a semana @ 390,75 centavos de dólar por libra-peso (fechamento sexta-feira anterior / máxima / mínima / nova máxima / fechamento atual respectivamente @ 378,05 / 388,30 / 366,60 / 392,35 / 390,75 centavos de dólar por libra-peso).

O R$ trabalhou toda a semana dentro do canal 5,30-5,36 R$/US$ contribuindo muito pouco para “fazer preço no café”.

O mercado vem trabalhando nos últimos 2 meses – desde o dia 08 de agosto – basicamente com as preocupações com os efeitos climáticos nas próximas safras da América Central e Vietnam 25/26 e do Brasil 26/27.

Desde os efeitos das “chuvas de granizo” e das fortes geadas entre os dias 6-7 de agosto no Brasil, o mercado reagiu muito bem saindo dos 280 centavos de dólar por libra-peso até os 424 centavos de dólar por libra-peso (dia 16 de setembro-25).

A preocupação apenas com o Brasil mudou nos últimos 10 dias colocando o Vietnam no cenário. O que parecia ser uma safra 25/26 tranquila, com previsões para uma safra abundante – ao redor dos 30 milhões de sacas – agora está trazendo muita incerteza em função dos estragos dos últimos 2 furacões que castigaram o país nos últimos 15 dias (furacão Ragasa e o furacão Bualoi). Em estágio final da maturação das lavouras os estragos ainda não foram totalmente dimensionados. Porém, pela reação do mercado em Londres “algum estrago significativo” deve ter ocorrido.

Apenas nessa semana o vencimento nov-25 em Londres subiu +8,15% e encerrou novamente acima dos 4.500 US$/tonelada (269,95 US$/saca). O vencimento nov-25 encerrou @ 4.527 US$/tonelada (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual respectivamente @ 4.201 / 4.265 / 4.588 / 4.527 US$/tonelada).

A puxada nos preços em Londres refletiu em NY (porém com menor intensidade), com o vencimento dez-25 subindo “apenas” +3,70%!

No mercado interno o café conilon voltou a negociar acima dos 1.400 R$/saca e o café arábica tipo 6 entre 2.250-2.400 R$/saca. Praticamente o diferencial de compra zerou! Algumas semanas atrás estava negociando entre -500/-300 US$/tonelada indicando entrada forte do comprador no mercado e preocupações com a disponibilidade do produto! O spread entre o “café conilon x café arábica tipo 6” continua negociando ao redor dos 1.000 R$/saca!

Será que as tradings já estão se antecipando e tomando posições no café robusta para voltar a abastecer o mercado internacional com o café conilon “barato”?

Ponto importante para monitorar: com o anúncio do “acordo de paz” entre Israel e o grupo terrorista Hamas na sexta-feira possivelmente a rota “Asia x Europa via o Canal de Suez” será reestabelecida com o Vietnam voltando a ter uma rota + eficiente/rápida/segura para abastecer o seu principal mercado!

No Brasil as chuvas sumiram dos radares, porém novos modelos meteorológicos estão indicando chuvas entre os dia 9-15 de outubro. Essas chuvas são muito bem vindas e necessárias para reduzir / eliminar o stress hídrico e contribuir com o pegamento das recentes floradas.

Apesar do mercado spot estar travado, com “poucos interesses”, já estão ocorrendo muitas negociações para a safra 26/27 e 27/28! Nessa semana saiu negócio para entrega agosto-26 @ 2.200 R$/saca e para entrega agosto-27 @ 2.100 R$/saca!

O “mercado” continua dando oportunidades para o produtor se proteger para a próxima safra 26/27 – tanto no café conilon quanto no café arábica – garantindo piso/teto para o café conilon entre +1.350/+1.675 R$/saca e entre 2.000 – 2.260 R$/saca para o café arábica!

No curto prazo o clima – chuvas – continuará “fazendo preço” – porém em sentido contrário! Risco de novas chuvas/tempestades no Vietnam/Indonésia/América Central deverão ser consideradas como “fatores altistas” e chuvas no Brasil como “fator baixista”!

Outro ponto importante para levar em consideração: com base em informações adquiridas durante o “Coffee Dinner” dessa semana em Genebra – o consumo europeu deverá cair em função da alta dos preços atuais. Idem para o mercado americano. Os compradores estão prorrogando ao máximo novas compras e procurando fechar novas operações apenas para embarques dez-25/jan-26 com a precificação a ser realizada contra o vencimento março-26.

O efeito “prorrogação das novas leis/regras antidesmatamento EUDR” (as barreiras / tarifaço disfarçados que estão sendo impostas pela Europa) também tirou do mercado a necessidade para o europeu entrar no mercado spot e acelerar as compras/importação para abastecer/criar estoques até o dia 31 de dez-25. Desta forma, por enquanto, apenas os Estados Unidos continuam no radar para voltar ao mercado comprador – todos aguardando uma definição se/quando o café irá ou não entrar na lista de exceção!

Importante levar em consideração se/quando a logística terá condições para, de uma hora para outra, programar novos navios, espaço/conteiners e capacidade portuária para transportar 1.200/1.500 conteiners por mês para os portos americanos.

Durante as próximas semanas/meses as expectativas do mercado comprador são para um acordo nas tarifas entre Brasil e Estados Unidos; a volta das chuvas no Brasil; e a entrada das safras da América Central e Vietnam colocando mais produto no mercado. E, principalmente para uma safra brasileira 26/27 acima dos 70/75 milhões de sacas!

Conversando com um respeitado engenheiro agrônomo nessa semana essa a “expectativa por uma safra brasileira 26/27 grande, acima dos 70/75 milhões de sacas” é “impossível”! Segundo seu último giro por lavouras de conilon no estado do Espírito Santo nos últimos 20 dias (foram visitadas mais de 40 fazendas) a próxima safra 26/27 de conilon deverá ser entre 18-22 milhões de sacas! Então para o Brasil produzir 75 milhões de sacas a produção do café arábica precisa ser, pelo menos, >= 53 milhões de sacas!

No curto prazo Londres encontra resistências @ 4.579 / 4.765 / 4.860 e 5.000 US$/tonelada e suportes @ 4.310 / 4.250 / 4.035 US$/tonelada.

Em NY o dez-25 encontra resistências @ 407,55 / 424,00 e 438 centavos de dólar por liba-peso e suportes @ 375,00 / 351 / 339 centavos de dólar por libra-peso.

Apesar do cenário continuar “firme” para os próximos 2-3 anos procure realizar suas operações de hedge/proteção “HOJE”! Não é sempre que o mercado permite ao produtor negociar seu produto – garantindo um piso mínimo – com as margens/preços atuais: Café arábica acima dos 2.000 R$/saca (acima dos 350 US$/saca) e café conilon acima dos 1.350/1.400 R$/saca (acima dos 250/270 US$/saca)

O mercado poderá seguir subindo? Sim… O mercado poderá realizar novamente, voltar para os 250 c/lb em NY e abaixo dos 3.500 US$/tonelada em Londres? Sim

Produtor: como sempre “PROTEJA-SE”!

PS: Você produtor (arábica e/ou robusta), caso queira saber mais sobre nossa consultoria para as operações de hedge, entre em contato conosco através dos emails: priscilla@archerconsulting.com.br ou mmoreira66@yahoo.com. (Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting)

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