Líder na produção de café arábica, Brasil vai liderar a de robusta

  • País pode ocupar áreas degradadas de pastagem e se livrar de embargos ambientais
  • Segundo a Embrapa, o país tem 28 mi de hectares considerados bons ou muito bons para cultivo

Além de ser o principal produtor mundial de café arábica, o Brasil tem todas as condições para assumir também a liderança na produção de café robusta, atualmente ocupada pelo Vietnã. Novas formas de tomar café, como instantâneo, gelado, bebida pronta e outras, aumentam a demanda internacional pelo produto.

Há uma série de desafios pela frente para os produtores, mas o Brasil tem algumas vantagens em relação aos principais concorrentes. Entre os obstáculos a serem vencidos, basicamente comuns a todos, estão mudanças climáticas, volatilidade dos preços, elevação de custos na produção e incertezas geopolíticas.

Uma nova ameaça é a EUDR (lei antidesmatamento da União Europeia). O Brasil tem condições melhores do que os concorrentes na ampliação da produção, ocupando áreas atualmente degradadas, principalmente as de pastagens.

Essa nova tendência global de consumo levou as indústrias a uma onda de investimentos no Brasil nos anos recentes na área de café instantâneo, afirma Guilherme Morya, analista do Rabobank, em um estudo sobre as perspectivas de expansão do café robusta no Brasil.

Além da possibilidade de maior avanço da cultura, a produção nacional já vem em ritmo crescente. A safra 2025/26 atingiu 24,7 milhões de sacas de café robusta, acima dos 19 milhões de há cinco anos. Avanços tecnológicos e agronômicos ajudam nessa evolução.

A produção de café no Brasil tem passado por uma série de desafios, que vêm tanto de geadas e de chuvas irregulares como das elevadas temperaturas, principalmente após 2021. Ambas as variedades sofrem com essas circunstâncias, mas o robusta é mais resiliente do que o arábica.

O clima tem sido um dos principais desafios, segundo o analista do banco. Nos últimos 50 anos, a temperatura subiu de 1,3º a 1,6º nas principais regiões produtoras. Além disso, há uma irregularidade das chuvas, que estão com intensidade menor.

A resiliência do robusta oferece um complemento estratégico para o produtor, devido à adoção de variedades mais tolerantes a seca e a pragas e à substituição de plantas velhas por cultivares novas. Isso vai permitir ao Brasil produzir em larga escala e ter um fornecimento estável e confiável de café para o mercado.

Área para a produção não falta. Segundo a Embrapa, o país tem 28 milhões de hectares considerados bons ou muito bons para a agricultura. Várias culturas podem ser inseridas nessas áreas, inclusive o café. Esse reaproveitamento de área é importante porque evita obstáculos regulatórios e limitações de acesso a mercados, enfrentados por outros concorrentes do Brasil. Não se trata apenas de disponibilidade de terra, mas de como a expansão é realizada, destaca Morya.

O Brasil está pronto para crescer, mas os investimentos são elevados. Além de maior utilização da irrigação, os custos devem focar infraestrutura e novas variedades adaptadas ao clima tropical. A implantação de um hectare de café robusta fica próximo a R$ 84 mil.

Embora os custos de entrada sejam altos, os retornos atrativos têm incentivado o crescimento da produção. Esses retornos ocorrem após os quatro primeiros anos. A conversão de pastagens degradadas e de plantações de eucalipto em novas zonas de cultivo representa uma oportunidade concreta para a expansão sustentável.

O Brasil possui vastas áreas com potencial agrícola que podem ser mobilizadas sem comprometer os ativos ambientais, em linha com as demandas do mercado internacional, afirma Morya (Folha)

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