A armazenagem de grãos no Brasil continua sendo um desafio crônico no setor agrícola, especialmente em estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás. Mesmo com a capacidade total do país estando cerca de 50% abaixo da produção estimada para a safra 2024/25, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), esse déficit impacta diretamente a logística, o escoamento e a rentabilidade dos agricultores.
Luiz Almeida, diretor de operações da EEmovel Agro, destaca que “no Mato Grosso, a capacidade de armazenagem é de apenas 50% da produção prevista para 2024/25, que é de 107,6 milhões de toneladas, segundo a Conab”. Ele explica que essa limitação eleva os custos logísticos e compromete a eficiência do ciclo produtivo. Os dados confirmam esse cenário, no Paraná, de acordo com a Conab, a produção estimada para a safra 2024/25 é de 45 milhões de toneladas, enquanto a capacidade estática é de apenas 32 milhões, resultando em um déficit de 32,8%.
Já em Goiás, que deve produzir 35,4 milhões de toneladas, a capacidade de armazenagem é de 17,5 milhões de toneladas. No panorama nacional, a Conab prevê produção de 329,8 milhões de toneladas de grãos para a safra verão 2024/25, contra uma capacidade estática de 199,4 milhões, resultando em um déficit próximo a 50%. Diante desse cenário, Luiz Almeida reforça que “essa defasagem histórica traz riscos para a sustentabilidade econômica do setor e para a segurança alimentar do país. É urgente que o agronegócio, o poder público e o mercado tecnológico se unam para desenvolver políticas e soluções que atendam essa demanda estrutural”, destaca.