Sistema alia rentabilidade, sustentabilidade e certificação internacional para fortalecer o agronegócio brasileiro
A decisão do presidente americano Donald Trump de impor tarifas de até 50% sobre produtos do agronegócio brasileiro ameaça gerar prejuízos bilionários e comprometer a balança comercial do país. Estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam que a agroindústria e os produtores rurais brasileiros devem perder US$ 5,8 bilhões em vendas para os EUA. Diante desse cenário, especialistas apontam a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) como uma das estratégias mais eficazes para reduzir riscos, conquistar novos mercados e fortalecer a imagem sustentável do Brasil no exterior.
Segundo a professora Maquiel Vidal Nardon, coordenadora do curso de Agronomia da UNIASSELVI, a adoção em larga escala da ILPF pode funcionar como uma barreira de proteção ao produtor nacional. “Mercados como os Estados Unidos estão cada vez mais atentos à sustentabilidade. Com a ILPF, o agronegócio brasileiro mostra que consegue atender às exigências internacionais, transformando um passivo ambiental em ativo de mercado”, explica.
Além de responder às demandas externas, a ILPF oferece ganhos internos significativos. “Esse sistema pode triplicar a produtividade da pecuária, passando de 8 para até 28 arrobas por hectare. Também reduz os custos de produção em até 54% e gera retorno de R$ 3,70 para cada R$ 1,00 investido”, destaca Maquiel.
Sustentabilidade
No campo ambiental, a técnica contribui para a recuperação de pastagens degradadas, o aumento da biodiversidade e o sequestro de carbono. “Estudos mostram que o componente florestal pode capturar em média 18 miligramas de CO2 por hectare ao ano. Ou seja, além de rentável, a ILPF é uma ferramenta concreta contra as mudanças climáticas”, acrescenta.
Protocolos de certificação, como o desenvolvido pela Rede ILPF, reforçam essa vantagem competitiva ao garantir rastreabilidade e conformidade socioambiental. Para Maquiel, o efeito é direto: “A certificação não é apenas um selo. Ela garante acesso a fundos verdes, redução de juros em financiamentos e abertura de mercados que hoje impõem barreiras a produtos não certificados.”
Na prática, a ILPF oferece ao agronegócio brasileiro uma dupla proteção: reduz custos e riscos internos, ao mesmo tempo em que fortalece a posição do país em um cenário global cada vez mais restritivo. “Sustentabilidade deixou de ser custo para se tornar chave de competitividade. Quem adota a ILPF não apenas se protege das tarifas, mas conquista espaço nos mercados mais exigentes”, conclui a professora.