Para o consumidor americano, a alta no preço da bovina acumula 12,4% em 12 meses.
O Brasil continua com patamares elevados de produção de carnes, e a China, grande compradora da proteína brasileira, também produziu um volume recorde no primeiro semestre deste ano. Já os Estados Unidos, que impuseram elevada tarifa na importação da proteína brasileira, continuam pagando caro pelo produto. Nos últimos 12 meses, a carne bovina subiu 12,4% para os americanos.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, nesta quarta-feira (13/8), os dados de abate de animais e de produção de carne. Com os números provisórios do segundo trimestre, a produção total subiu para 14,9 milhões de toneladas equivalentes carcaça no primeiro semestre, 3% acima do volume de igual período de 2024.
Os abates de aves, mesmo com a gripe aviária, renderam 7,1 milhões de toneladas de janeiro a junho, 3% a mais do que no ano passado. A bovina, ao atingir 5,1 milhões, cresceu 2%, e a suína, ao somar 2,7 milhões, registrou alta de 4%.
A China, grande compradora de proteínas do Brasil, também obteve números recordes no primeiro semestre deste ano, conforme dados coletados pela consultoria Datagro nos órgãos de informação chineses. O país asiático produziu 48,4 milhões de toneladas neste ano, 2,8% acima do volume de igual período anterior.
Os chineses colocaram um recorde de 12,70 milhões de toneladas de carne de frango e de 3,42 milhões da proteína bovina no seu mercado. Na avaliação da Datagro, as exportações brasileiras de carne de frango para os chineses deverão ficar mais difíceis, uma vez que o excesso de oferta de produtos avícolas pode persistir por algum tempo. Esse quadro mostra o porquê do atraso no reinício das compras chinesas no mercado brasileiro. As vendas foram interrompidas devido ao primeiro surto de gripe aviária no Brasil.
A carne bovina, apesar da recuperação dos preços no semestre, continua com boa aceitação no país asiático. Mesmo com a produção maior, a oferta de carne, incluídas as importações, permaneceu estável no mercado chinês, em relação a 2024. Preços altos e demanda aquecida mostram que o consumo de carne bovina cresce, abrindo espaço para o produto brasileiro no mercado chinês, segundo a Datagro.
A produção chinesa de carne suína se manteve no patamar de 30 milhões de toneladas no semestre, um volume 1,3% acima do de janeiro a junho de 2024, mas bem superior aos 20 milhões de igual período de 2020.
Já a vida dos americanos continua difícil neste período de verão e de maior consumo de carnes em áreas livres. A carne bovina tem alta acumulada de 12,4% nos últimos 12 meses até o final de julho, um percentual que ainda não computou a aceleração de preço que a proteína deverá ter após o tarifaço de 50% de Trump. A inflação geral do país foi de 2,7% no período, segundo o US Bureau of Labor Statistics.
Com a produção em queda, e os Estados Unidos praticamente perdendo o segundo maior mercado fornecedor, que é o do Brasil, os consumidores vão ter de conviver com uma puxada maior da inflação nesse setor (Folha)