Em meio ao tarifaço, governador de São Paulo tenta abrir mercado mesmo sem ser incluído por governo federal nas negociações.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pecuaristas paulistas encontraram-se com o cônsul-geral do Japão em São Paulo, Shimizu Toru, nesta terça (5/8) para negociar a abertura do mercado ao setor de carne paulistano. A aproximação ocorre no momento em que governo federal excluiu o estado das negociações com o país asiático
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Por enquanto, o governo federal trabalha em favor dos produtores do Sul e de outros poucos estados, excluindo grandes mercados, como o de São Paulo.
O deputado estadual Lucas Bove lidera as conversas. Ele atua pelo agronegócio paulista no Legislativo. Foi ele quem marcou a primeira reunião do governo com o cônsul do Japão, na semana passada, que teve a participação do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.
Segundo o parlamentar, Tarcísio propôs na reunião desta terça a organização de uma comitiva do Japão para visitar os confinamentos de gado em São Paulo e as condições sanitárias dos produtores rurais do interior do estado.
O governador também se colocou à disposição para liderar uma missão diplomática no Japão para auxiliar na abertura de mercado a SP, segundo Bove.
A corrida pela parceria comercial ocorre após o Brasil ser declarado livre de febre aftosa sem vacinação pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), em maio. O Japão é um dos países mais rigorosos na importação de carne e o fato de o Brasil necessitar da vacinação contra a doença era uma barreira.
O novo status sanitário chegou em meio ao tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A carne não entrou na lista de cerca de 700 exceções de produtos brasileiros, que conseguiram se safar da sobretaxa de 50%. Por isso, governo federal e estados correm para conseguir novas opções de mercado.
“O Ministério da Agricultura está fazendo um trabalho [de negociação com o Japão], mas não está incluindo São Paulo. E o estado não pode ficar de fora porque é o que tem a melhor qualidade genética, tem a melhor qualidade de carne, melhor escoamento logístico e a melhor pegada de carbono do Brasil”, disse Bove.
Consultada, a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura não se manifestou até a publicação da reportagem (Folha)