Crise de grandes distribuidoras é problema de gestão, não de todo o setor

Casos de recuperação de empresas são um “ajuste de mercado natural”, afirma presidente da entidade.

O presidente executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Paulo Tibúrcio, afirmou nesta terça-feira (5/8) que os casos de recuperação judicial e extrajudicial de distribuidoras de insumos têm origem, principalmente, em falhas de governança e não representam uma crise generalizada no setor de distribuição de insumos.

No último ano, a distribuidora de insumos Agrogalaxy fez um pedido de recuperação judicial, enquanto a Lavoro fechou um acordo de recuperação extrajudicial. Ambas as empresas são associadas à Andav.

“Aqueles que tiveram uma governança exemplar, que não expandiram seus negócios comprando terra, ou comprando frotas de carro, ou contratando mão-de-obra com altos valores, cresceram”, disse em entrevista ao Valor durante o Congresso da Andav, em São Paulo.

Ao ser questionado sobre se esses casos sinalizam a necessidade de uma reorganização no mercado de distribuição, Tibúrcio afirmou que é um ajuste de mercado natural. “O setor é extremamente consolidado e a gente não pode se pautar em uma, duas ou três empresas que apresentaram o resultado que teve que fazer adequação. A gente não pode usar isso como exemplo geral”, declarou. Segundo ele, 77% dos distribuidores no Brasil têm mais de 10 anos de atuação com bons resultados, especialmente entre as pequenas e médias empresas.

Segundo o presidente da Andav, empresas com uma estrutura sólida de gestão conseguiram não apenas se manter, mas crescer. “Nós temos inúmeros exemplos de outros [distribuidores] que cresceram 30%, 40%, 42%”, afirmou, destacando especialmente os pequenos e médios negócios, muitos deles familiares, como casos de sucesso. “Esses têm trazido resultados excelentes para nós. E isso é muito importante evidenciar para o mercado, para que os acionistas possam enxergar quem está com uma boa estrutura de governança.”

Tibúrcio afirma que momentos como a pandemia de Covid, guerras e defasagem cambial exigiram governança e gestão. “E quando isso começou acontecer, talvez as pessoas demoraram um pouco para se atentarem e ter um pouco mais de resistência a isso”, disse.

O dirigente também criticou o que chamou de “recuperações judiciais inventadas”, que, segundo ele, abalaram a confiança no setor. “Isso foi uma fábrica que aconteceu no Brasil. Pouquíssimas são as reais recuperações judiciais pautadas em reais prejuízos financeiros. O mercado precisa acordar para isso”, disse. Ele defendeu uma legislação mais rígida para evitar distorções: “O próprio governo precisa ter a lei da recuperação judicial um pouco mais rígida, porque isso bagunçou o nosso mercado”.

Apesar das pressões enfrentadas, como margens apertadas e alto risco de crédito, o dirigente afirmou que o setor continua sólido, com uma margem líquida de 3% e financiando 29% do que vende. “Imagina o risco que a distribuição está sujeita. E ela sobrevive”, pontuou. Atualmente são quase 4.000 associados na Andav (Globo Rural)

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