No Brasil, com avanço da colheita, a saca do robusta acumula queda de 7% no mês.
O café não ficou isento da tarifa de 50% de Donald Trump. Essa decisão pegou de surpresa o setor, uma vez que o governo americano havia mencionado a possibilidade da exclusão do produto da lista na terça-feira (29). A decisão americana não influenciou ainda nos preços porque os pregões da Bolsas que negociam café em Nova York e em Londres já haviam encerrado as operações, segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes.
No Brasil, o café manteve a tendência de queda no campo, o que ocorre já há algumas semanas. Na semana passada, a saca do café robusta voltou a ser inferior a R$ 1.000, segundo o Cepea, o que não ocorria desde maio de 2024. A queda nos preços neste mês, em relação aos valores do final de junho, é de 7,1%.
O café tipo arábica, no qual o Brasil é líder em produção e em exportação mundial, está em R$ 1.797 a saca, uma queda de 2,48% sobre junho, segundo o acompanhamento do Cepea. Já a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) começa a registrar a queda dos preços nos supermercados. Nos últimos 30 dias, até a terceira semana deste mês, o recuo foi de 1,55%. Neste ano, no entanto, a alta acumulada ainda é de 46%
Com altas seguidas de setembro do ano passado a maio deste, os alimentos fecham o mês de julho com a segunda queda consecutiva. Após retração de 0,66% em junho, os dados parciais de julho já indicam retração de 0,51%, segundo a Fipe, entidade que acompanha os preços na cidade de São Paulo.
A queda dos preços no varejo é reflexo do que ocorre no campo. De 15 produtos analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), apenas três estão com alta neste mês, em relação a junho: açúcar, soja e arroz.
Este último é o que mais preocupa, uma vez que o cereal entra agora em um período de entressafra. O Cepea apurou uma alta de 4,4% no valor da saca no Rio Grande do Sul, mas a Fipe ainda registra queda de 2,7% nos preços praticados nos supermercados.
A alta no campo se deve à demanda firme e à restrição na oferta, além de melhoras nas perspectivas de exportação. Apesar da evolução neste mês, os preços do cereal ainda estão com queda acumulada de 30% no ano.
O açúcar subiu 3,5%, devido à menor oferta do produto, e a soja, com a maior presença da China no mercado brasileiro, teve aumento de 2%. O milho voltou a cair, e tem a menor média mensal de preços dos últimos dez meses.
Para os demais produtos, o Cepea aponta queda nos preços. As carnes estão entre as maiores retrações. A suína ficou 8,5% mais barata, enquanto a bovina teve recuo de 7,2%, e a de frango, de 4,4%. O frango ainda se recupera dos efeitos da gripe aviária, mas os países estão voltando às compras.
Já a carne bovina tem maior oferta, com a entrega de bois de confinamento, e uma procura menor, segundo o Cepea.
Ainda no setor de carnes, o preço da tilápia, que já vinha caindo, fica ainda mais incerto com as tarifas impostas pelo governo americano.
O leite, devido à maior oferta e à menor demanda, caiu 3,9% no campo, conforme a última pesquisa do Cepea. Os preços atuais são 7,4% menores do que os de 2024. Nos supermercados, no entanto, o tipo longa vida, que vinha em queda, subiu 0,87% na pesquisa mais recente da Fipe (Folha)